Meia Travessia da Serra Fina/Pedra da Mina
Esse será um dos posts mais sinceros daqui, isso porque me sinto na obrigação de falar tudo sobre essa trilha.
Nossa saga nela começou há cerca de um mês e meio atrás, tínhamos um feriado de 4 dias pela frente e de encarar uma travessia um pouco mais longa, como tínhamos consciência da nossa inexperiência em ambientes de montanha e travessias mais longas, começamos procurando por coisas mais "amadoras". Porém nossa sorte era tão grande que fomos rejeitados em todos os parques nacionais e travessias por já estarem com a lotação completa.
Nessa situação só tínhamos um lado pra correr, locais que não tinham esse tipo de impedimento, e aí caímos na famosa Travessia da Serra Fina, lemos e relemos diversos relatos e decidimos partir nessa aventura, mesmo sabendo que não tínhamos a experiência e conhecimentos necessários.
Passamos a estudar os mapas, alimentação, abrigos contra o frio e tudo mais. Dos relatos tiramos os mapas necessários, travelog do wikiloc e o mais precioso, o contato do Edinho, que faria nosso resgate.
Compramos as passagens para Passa Quatro pelo site da Cometa e partimos, agendamos com o Edinho para buscar na Rodoviária e iniciaríamos pela Toca do Lobo.
Já adianto que vou dever um bocado de fotos nessa análise, pois esqueci de tirar mesmo.
Se tem uma palavra que define essa travessia é "subida", será seu tipo de caminhada o caminho inteiro, logo no primeiro dia atinge-se o Capim Amarelo, perto dos 2400m, saindo de uma altitude de mais ou menos 1600m, portanto haja perna.
Logo no inicio vimos que teríamos companhia, e muita, durante a trilha, o que poderia nos trazer problemas.
Logo na Toca do Lobo existe um ponto de água, porém como já estávamos abastecidos seguimos em frente. demos sorte e atingimos um ponto mais alto junto com o nascer do Sol, que já nos mostrou que mesmo muito difícil essa travessia seria mágica.
A parte inicial é íngreme, porém até a base do Capim Amarelo sem grandes dificuldades, sem muito barro e de caminhada tranquila. A parte mais legal desse ponto é quando atinge-se a região dos picos de Cruzeiro e Quartzito, onde realmente você se sente andando na crista da Serra Fina e entende o motivo do nome.
Chegando na base do Capim Amarelo começam as dificuldades, a subida é bem íngreme e com barro, em alguns pontos existem cordas pra você ter uma ajudinha na subida. Nosso problema aqui foi que, devido a grande quantidade de pessoas a parte de barro virou um tobogã, exigindo um enorme esforço para a subida.
No topo do Capim Amarelo, assinamos o livro de cume !
Saindo do Capim Amarelo abrimos o I Festival de Tombos da Travessia, é uma descida bem chata com muito barro e que mais uma vez estava bem judiada, fomos praticamente rolando até o acampamento Avançado, aqui entrou em cena nossa inexperiência, acabamos achando um "cantinho" no próprio avançado e decidimos não avançar até o Maracanã.
O problema foi que dormimos num lugar muito ruim e tendo uma péssima noite de sono, sem conseguir se esticar e descansar, o que estragou o segundo dia de travessia.
Iniciando o segundo dia, objetivo era chegar até a Pedra da Mina, o desafio desse dia é mais psicológico, visto que o ponto de abastecimento é na base da Pedra da Mina praticamente, nesse dia de novo nossa inexperiência, acabamos iniciando a jornada tarde e sem tomar um desjejum, juntando isso com a noite sem descanso e a água escassa, o nosso ritmo acabou diminuindo muito, chegamos na região com água conhecida como Cachoeira Vermelha por volta das 15h e nos reabastecemos, além de fazermos o nosso lanche de almoço, andamos mais um pouco até a base da Pedra da Mina e vimos que o lugar já estava lotado e sem possibilidade de acampamento, tivemos que acampar na base e em um local inadequado, mas muito melhor que do dia anterior. Na base da Pedra da Mina existe também a nascente do Rio Claro, que tem uma água de melhor aspecto para consumo.
Por volta das 17h escutamos barulho de helicóptero e vimos que era o helicóptero dos bombeiros, no dia seguinte descobrimos que uma moça havia quebrado o braço e vieram resgatar ela.
Aprendemos com nosso erro e dessa vez acordamos cedo e tomamos o desjejum, iniciando cedo a subida da Pedra da Mina, a subida não é tão chata quanto a do Capim Amarelo, tendo uma trilha bem demarcada que foi serpenteando até o topo. Percebemos também que a quantidade de pessoas havia diminuído e muito. Alcançamos o topo e fomos recompensado pelo sentimento de dono do mundo.
ao fundo conseguimos vir o Pico das Agulhas Negras.
No topo da Pedra da Mina tivemos que tomar uma decisão, como nosso ritmo não estava conforme planejado e os locais de acampamento estavam prejudicados, a chance de atraso na chegada ao resgate do dia seguinte eram grandes, o que não poderia ocorrer, visto que tínhamos que conseguir voltar a São Paulo no próprio domingo.
Decidimos então fazer a "fuga" pela trilha do Paiolinho e executar somente "Meia Serra Fina", descemos a Pedra da Mina e iniciamos essa trilha. Aqui deixo o registro que essa trilha é tão díficil quanto a própria serra fina, envolvendo a subida e descida do paiolinho, diversas subidas e culminando com a descida do Morro de Deus me Livre, chegando até o Refúgio da Serra Fina, os tombos aqui também foram inúmeros.
Chegando a cidade, conseguimos o resgate com o Edinho, porém já havíamos perdido o ônibus, por isso nos hospedamos no Hostel Vila Carioca, onde fomos tratados como filhos pela dona Lourdes e o marido, descansando até a nossa volta do dia seguinte.
Saímos da trilha tendo conquistado uma das "top 5" do Brasil, porém com o gostinho de poder voltar e executar a travessia inteira, durante ela conversamos com vários outros montanhistas e pelo que levantamos éramos os únicos inexperientes, que sirva de alerta para todos que vão se aventurar por lá e que usem outras trilhas e montanhas para se preparar !
Edinho: +55 (35) 99109-2022
Hostel Vila Carioca:
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