Finalmente, Pico das Agulhas Negras
Foram umas 4 tentativas, tempo chuvoso, falta de vagas, lesões que sempre me impediram de realizar o sonho e o objetivo de conquistar esse pico. Pode não ser o mais alto do Brasil, a subida mais díficil, mas pra mim tem o significado especial, é o símbolo da academia militar mais respeitada da América Latina e que figura entre as melhores no ramo mundial, a Academia Militar das Agulhas Negras, berço do oficialato combatente do Exército Brasileiro e onde comecei minha vida adulta. Um motivo me impediu de continuar minha carreira e formação lá, mas a marca que a AMAN deixou em mim foi profunda.
No 1º ano de academia, o símbolo de tornar-se cadete é a SIESP de Montanha, acompanha da subida e conquista do Pico das Agulhas Negras, minha saída se deu antes disso, e foi algo que sempre ficou engasgado pra mim, um objetivo e sonho, conquistar esse pico.
Depois de todas as tentativas frustradas, juntei os dois amigos mais próximos e que estão sempre acompanhando nas trilhas e rumamos novamente para o PNI com a missão exclusiva de conquistar o Agulhas Negras, tudo poderia dar errado, menos essa subida !!!!
A data já estava planejada, mais uma vez não conseguimos o abrigo interno do PNI, então reservamos uma ótima pousada lá perto, já na Garganta do Registro e um excelente local, com um atendimento excepcional e preço justo, Pousada dos Lobos ( http://www.pousadadoslobos.com.br/ ).
Chegamos no sábado e fizemos um trekking extenso que foi abordado em outro tópico, tivemos um descanso merecido na Pousada e já tínhamos deixado tudo acertado pra fazer o AN no domingo com o guia Valderi (vou deixar o contato no final do post).
Vale lembrar também que o Pico das Agulhas Negras possui quatro livros de cume (Itatiaiaçú, Chaminé dos Estudantes, Cabeça do Cachorro e Chapada da Lua) e diversas rotas de ascensão, nossa rota foi "via Pontão" e o livro escolhido foi o Itatiaiaçú, que é o ponto mais alto.
Tudo certo, o início da trilha é bem tranquilo, segue-se do Posto Marcão até o Abrigo Rebouças, a partir dali segue-se o caminho pela esquerda, atravessando a Ponte Pênsil (foto abaixo) e chegando na primeira bifurcação.
Travessia da Ponte Pênsil.
Bifurcação, seguindo "Agulhas Negras"
O começo da trilha é uma caminhada, até começar a primeira subida, por uma parte de barro e pedra, que parece uma escada e exige um pouco de esforço nas pernas.
O primeiro lance de pedras é uma "rampa" pra subir, onde basta seguir os sulcos na pedra, canaletas e o caminho indicado, já "gasto". (e aqui fico devendo uma foto).
A partir desse caminho começam trechos de escalaminhadas e muito trepa-pedra, em alguns trechos será necessário o auxílio de corda, durante a extenuante subida, aproveite alguns momentos de parada para observar o horizonte e apreciar a vista, existem várias janelas durante esse percurso.
Uma parte do trepa-pedras.
Em algumas partes o pessoal pede auxílio das cordas, aqui vale a segurança de cada, nesse trecho por exemplo não achei necessário, mas não tenha melindres caso queira a corda.
Uma das "janelas" durante a subida.
Antes de chegar até o Itatiaiaçu alcança-se um falso cume, já bem alto e de frente pro Itatiaiaçú, aqui é um local que tem uma parte de pedra mais plana, boa para alimentar e tirar as fotos.
Nós 3 com nosso guia Valderi no "falso cume".
Após esse falso cume é necessário um lance de rapel, uma passagem estreita por pedras e uma escalada para chegar ao Itatiaiaçu.
Vista da passagem entre pedras. A esquerda, na corda verde o lance de rapel, a direita, o lance de escalada (o guia já havia subido para tracionar as cordas de segurança.
Nós 3 no Itatiaiaçú com o livro de cume.
Nossa assinatura e o registro no livro de cume!!
Esse é o trecho da escalada do Itatiaiaçu (eu no caso tava descendo com rapel). Essa subida pode ser feita de duas formas: a que fizemos foi, usando a corda e no braço subir numa posição semelhante ao rapel nesse trecho frontal. Outra opção é, um pouco mais a direita da pedra, subir escalando por uma canaleta, exige um pouco mais de técnica e menos força.
Uma das vistas do Itatiaiaçú.
A descida é pelo mesmo caminho e aqui sugiro uma atenção extra, o medo será menor, pois o objetivo já foi atingido, caso você tenha feito uma refeição no cume o corpo estará frio e cansado, portanto meça o esforço e mantenha-se atento para evitar uma queda ou torção durante a descida!
Uma dica, converse com seu guia para começarem a trilha cedo (existe uma limitação de pessoas no cume) e isso é bom, nós não começamos tão cedo (fomos o último grupo a iniciar) porém mantemos um ritmo forte de caminhada e subida e passamos 90% das pessoas, pode parecer besteira essa competição, mas quando chegamos ao falso cume rapidamente conseguimos lançar as cordas e chegar ao cume, tendo uma vista limpa e sem pessoas do cume e no falso cume, pois haviam umas 10 pessoas contando conosco lá em cima. O tempo de realizarmos o ida e volta até o Itatiaiaçu todos os outros grupos chegaram e o falso cume devia estar com umas 40 pessoas, o que, em minha opinião tira um pouco da beleza da paisagem. Além disso, às 14horas os monitores do ICMBIO retiram todos do cume para iniciar a descida e estarem de volta no Posto Marcão até as 17h, ou seja, você corre o risco de não poder chegar ao cume. Além do que, descer ou subir com trânsito a frente acaba sendo uma atividade chata. Portanto planeja-se para começarem a trilha cedinho e aproveitar o desafio !!!!
Por último, só temos a agradecer ao nosso guia Valderi, pessoa simples, nascido na região, além de nos guiar de forma soberba, facilitando nosso trajeto e a todo momento preocupado com a segurança ofereceu uma conversa ímpar, explicando detalhes da região, do trabalho de ser guia e mantenedor do parque e da natureza. Além disso, fabrica um queijo excelente e os vende, recomendo que comprem, pois além de ser baratíssimo é delicioso (e compôs nosso lanche no cume, junto com uma linguiça defumada comprada na entrada da garganta do registro e um pão sírio).
Querendo realizar trilhas no PNI, entrem em contato com o seu Valderi: (35) 9276-5801.
Missão cumprida e que venha a próxima !!!
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