Travessia do Rancho Caído - Parque Nacional do Itatiaia

 Novo ano se iniciando, continuamos em pandemia, mas com algumas regras relaxas decidimos iniciar nossa temporada de montanha (que já sabemos que não será plenamente aproveitada), e onde melhor do que iniciar essa temporada com a visita ao Parque Nacional do Itatiaia?

Pegamos um final de semana, agendamos via site a visita e nos preparamos, para a última travessia dentro da Parte Alta que faltava para mim: Travessia do Rancho Caído. Travessia que me ensinou duras lições: nunca subestime a montanha; entenda como seu corpo está funcionando no momento da travessia.

A Travessia se inicia no local chamado de Posto Marcão, entrada da Parte Alta do parque, já havia combinado com o Sérgio, antigo guarda do parque, de levar nosso carro até a região da Maromba, onde terminaríamos a travessia, e ele já estava nos esperando na entrada do parque. Eu vi bastante gente sendo barrada por não possuir ingresso, informação essa destacada no instagram e no site do Parque, portanto caso deseje fazer qualquer atividade, utilize o site, compre o ingresso com antecedência e evite surpresas ruins.

O custo para a travessia não é alto, R$27,00 visto que o camping é selvagem. O valor do resgate do carro é negociado com o Sérgio e deve-se pagar o estacionamento que o carro fica na Vila de Maromba.

Em termos de preparação existem alguns itens importantes: lanche de trilha para o almoço, jantar, café da manhã, um agasalho para a noite (dependendo da época do ano, temperaturas negativas são registradas e de manhã pode-se observar geada na vegetação), barraca, isolante térmico, saco de dormir e água, a trilha possui pontos de água que é possível reabastecer, durante os dois dias e que estão marcados no wikiloc.

Saindo do Posto Marcão, passamos pelo Abrigo Rebouças e seguimos as indicações de Pedra do Altar, desbordamos o Pico das Agulhas Negras e ai caímos no famoso Vale dos Dinossauros. A Pedra do Altar não faz parte do trajeto original, porém decidimos subi-la, visto que o esforço é pequeno e a vista compensa. <aqui começamos a história tosca da região e totalmente inventada, que vocês podem acompanhar nos stories salvos do meu instagram>

Saída do posto Marcão, com o sinal do Bruxo e os blogueiríneos partindo em mais uma aventura.

Antes de passa mal, a gente paga de brabo. No Abrigo Rebouças.

Famosa Ponte Pênsil, desbordando o Agulhas Negras.

Pedra do Altar, onde ocorreram diversos sacríficios (acompanhe no histórico de stories).

Panorâmica da Pedra do Altar, com o Vale dos Dinossauros abaixo (aqui nós sentimos ínfimos perante a imensidão da natureza).

Seguindo da Pedra do Altar, entra-se na região do Vale dos Dinossauros e das nascentes, sendo uma caminhada tranquila e agradável, com um visual lindo por ambos os lados, fomos direto para a Cachoeira do Aiuruoca, já na parte da tarde, ficamos em dúvida de ir até a Cachoeira, mas por fim decidimos ir e fomos presenteados com um arco-íris:

Vista do poço da Cachoeira do Aiuruoca e arco-íris.

Aqui fazemos uma pausa dramática e colocamos o "chapéu de história triste", mas um aprendizado enorme, de nunca subestimar a montanha e entender como seu corpo está funcionando no momento da travessia. Eu venho de uma jornada de perder bastante peso, treinando muito forte, me alimentando corretamente e me hidratando muito bem, como estou com o condicionamento bom, exagerei no peso da minha mochila, levando casacos a mais, um luxuoso jantar de arroz carreteiro em um pote de 5kg e outras coisas, pois bem, até então estava tudo tranquilo, mas é lógico que o excesso de carga cobraria seu preço, e de uma lição que já conheço. Fora a carga extra, tomava algumas medicações, que causavam uma desidratação do corpo, durante todo esse período de caminhada até a base da Pedra do Sino, eu comi um doce de bananinha e tomei muita pouca água, mesmo assim, na base da Pedra do Sino, e por já tê-la subido antes, decidimos realizar o ataque ao cume. No terço final da subida minha pressão caiu e a glicose baixou e tive que parar, tendo o Renan alcançado o cume mais uma vez, descemos, me alimentei e me hidratei bem e continuamos.
Porém, o estrago estava feito, a caminhada até o local do Rancho Caído, onde realizaríamos o pernoite era demasiadamente longa e como havíamos incluídos pontos extras na travessia, além de ter começado tarde, nosso horário estava apertado e corríamos o risco de chegar no camping já sem luz natural. Apressamos o passo e quando estávamos quase no camping tive um ataque de cãimbras esmagador, que me fez cair de cara no chão e gritar de dor, meus camaradas me ajudaram e conseguimos aliviar um pouco as dores, alcançando o camping ainda com luz.

O espaço do camping não é muito grande e precisa-se de bom senso para organização das barracas e para que todos possam dormir de forma confortável, organizamos nossas coisas, nos higienizamos, hidratamos e consumimos nosso jantar, é importante também não deixar nada de alimento, panela, etc... para fora da barraca, pois os lobos guarás se aproveitam e acabam "roubando" alimentos e utensílios. De resto, é aproveitar a visão e noite maravilhosa no Rancho Caído (não se esqueça de uma japona ou fleece, pois faz bastante frio).

Panorâmica da descida em direção ao camping.

Panorâmica da entrada da área de camping, da região conhecida como Rancho Caído, derrocada dos índios Edamames (acompanhe no meu stories do instagram).

No dia seguinte tomamos um bom café, arrumamos acampamento e seguimos rumo à Vila de Maromba, o segundo dia é bem mais tranquilo, mas ainda conta com algumas subidas e descidas e em certas partes passa por áreas de floresta bem bonitas. Um fator interessante é que nessa travessia observamos os maciços do Itatiaia de diversos ângulos, um prazer imenso poder contemplar nossas montanhas.

Vista da parte superior, no segundo dia de caminhada.

Alguns pontos de passagem da região, bem bonitos de se apreciar.

A travessia termina em uma estradinha, que liga a cachoeira dos Macacos e a Cachoeira do Escorrega, na Vila de Maromba, onde pegamos nosso carro no estacionamento, nos refrescamos nas águas do Escorrega, comemos e retornamos para São Paulo.

Cachoeira do Escorrega, ponto final da travessia.

Missão cumprida, tendo batido todas as travessias da Parte Alta: Ruy Braga nos dois sentidos, Serra Negra e Rancho Caído.

Para quem quiser fazer a travessia pode acompanhar meu Tracklog do Wikiloc, o único ponto é que não chega ao cume da Pedra do Sino, porém a partir dali você consegue se guiar por totens até o cume.


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